sexta-feira, 29 de março de 2013

Clube de Sangue



















Autor: Charlaine Harris
Editora: Saída de Emergência
Nº de Páginas: 256
ISBN: 9789896371579
Colecção: Saga Sangue Fresco - Livro nº 3

Sinopse:
Há apenas um vampiro com a qual Sookie Stackhouse está envolvida, pelo menos de forma voluntária, e esse vampiro é Bill. Mas recentemente, ele tem estado um pouco distante. E noutro Estado. Eric, o seu chefe sinistro e sensual, julga saber onde encontrá-lo e, quando dá por isso, Sookie está a caminho de Jackson, no Mississippi, para se infiltrar no submundo do Clube de Sangue. Este clube é um local perigoso onde a sociedade vampírica se reúne para descontrair e beber um copo de O positivo. Mas quando Sookie finalmente descobre Bill - apanhado num acto de traição séria - ela não tem a certeza se o quer salvar... ou afiar estacas.

Opinião:
Esta saga conta-nos a história de uma rapariga que entra num mundo de vampiros, lobisomens e metamorfos, apaixonando-se por um vampiro. Nesta realidade, os vampiros revelaram-se ao mundo, e tornam-se cidadãos mais ou menos normais, desde que inventaram o sangue sintético, não necessitando, portanto, de se alimentar de humanos. Sookie parece uma rapariga normal, mas não é. Ela tem um dom. É telepata. Consegue ler os pensamentos das pessoas. Ou melhor, dos humanos, Por isso, sente-se bem no meio dos vampiros porque não consegue ler as mentes deles. Eles estão na verdade, mortos.

Clube de Sangue é o terceiro livro da Saga. Mais uma vez, Sookie tem de ajudar os vampiros através do seu dom. Neste caso, tem de ajudar a encontrar o seu namorado, depois de ter descoberto que este a enganara. Mesmo assim, Sookie entra em mais uma aventura, envolvendo-se desta vez com lobisomens.

Charlaine Harris consegue envolver-nos num enredo viciante com muita aventura. Com uma escrita fluída, o livro prende-nos num ritmo rápido, cheio de acontecimentos, não nos deixando quase respirar. É interessante, quase cómico, como a autora insere os vampiros e seres estranhos, no meio da nossa sociedade. Estes vampiros são baseados em todos os mitos que ouvimos sobre eles. Não podem andar de dia, a prata faz-lhes mal, etc... Este facto, faz com que sejam mais credíveis. Dentro do possível, claro...

Este livro dá-nos uns momentos descontraídos, com bastante humor, deixando-nos sempre à espera de mais aventuras. 

Nota (escala de 1 a 10): 6
IrishGirl


terça-feira, 26 de março de 2013

Gladiador

















Autor: Simon Scarrow

Editora: Saída de Emergência
Páginas: 364
ISBN: 9789896373511
Série: Eagle Series nº 9

Sinopse:
Após uma campanha brutal contra a Pártia, os centuriões Macro e Cato navegam para Roma. Ao aproximarem-se da costa de Creta, a viagem é interrompida pelo abalo de um terramoto e quase perdem as vidas no mar. Com o navio severamente danificado, são forçados a dar à costa. E o que encontram é uma província mergulhada no caos. Os escravos aproveitaram o desastre natural para se revoltarem. Contra uma legião forte, não teriam hipóteses, mas a guarnição é fraca e os rebeldes começam a ganhar em todas as linhas. Apanhados de surpresa, Macro e Cato são forçados a lidar com uma rebelião que pode alastrar a todo o Império. Mas para isso terão de derrotar o líder dos rebeldes: Ajax, um gladiador que não teme a morte e é movido por um imenso desejo de vingança. Será que o fim do Império Romano pode estar na ponta da espada de um gladiador?
 
Opinião:
Macro e Cato viajam de volta para Roma após a sua bem sucedida campanha no Médio Oriente. Iam mas para já ficam a meio caminho, graças a um terramoto seguido de uma onda gigante que obriga a refugiarem-se na ilha de Creta.
 
E se Creta era um óptimo local para umas boas férias, obviamente que os dois centuriões têm muito mais que fazer, do que apanhar banhos de sol. A ilha, devastada pelos desastres naturais e com os seus governantes mortos ou incapacitados, vê-se tomada por uma rebelião de escravos liderada por Ajax um ex-Gladiador. Quem mais do que Macro e Cato para controlarem a rebelião?
 
Aqui nasce o dilema herói/vilão que se levanta neste livro. A escravidão tinha um papel extremamente importante na sociedade e economia do Império Romano. A exploração de seres humanos, sem direitos legais, sujeitos a exploração laboral e sexual, a maus tratos, tortura que muitas vezes terminava em morte, é nos nossos dias inaceitável. E é exactamente o confronto entre estas pessoas e os habituais heróis, Cato e Macro, como representantes do Império que se verifica neste livro.
 
Admito que tive alguma dificuldade, mesmo gostando bastante das personagens principais desta série, em considerar estes como sendo os heróis do livro. É difícil não compreender a razão da rebelião e mesmo apoiá-la. Claro está que ao longo da obra, as atrocidades praticadas pelos escravos, tornam-os tão maus como os Romanos que os exploram, por isso a balança vai acabar no fim por pender para o lado de Macro e Cato. Mas acima de tudo é um processo de aceitação muito menos natural que em outros livros.
 
Tirando esta indefinição, que se calhar é apenas na minha cabeça, o livro traz-nos aquilo que esperamos desta série, parágrafos relativamente curtos. muitos diálogos, muita acção, batalhas ou escaramuças, sangue quanto baste e morte. A amizade e companheirismo de Macro e Cato sempre presente, com as suas personalidades bem vincadas e no seguimento do livro anterior, uma personagem feminina que acrescenta algum condimento à história.
 
Não querendo desvendar muito da narrativa, o que este livro nos traz de novidade, é um vilão mais estruturado, com passado e que não sendo um Olrik de Blake e Mortimer tem história para além desta obra.
 
Mais uma vez o livro é viciante da primeira à última página, bem desenvolvido mas peca na minha opinião por um desenlace demasiado abrupto.
 
Uma última palavra para a agradável surpresa que está incluída no fim deste livro, a inserção do conto "Jogos Mortais" que desvenda um episódio marcante da infância de Cato.
 
Nota (escala 1 a 10): 7,5
TheKhan
 
 

quinta-feira, 21 de março de 2013

Série da Águia de Simon Scarrow



Por ocasião do lançamento do 11º livro desta série, Pretoriano, pela Saída de Emergência e também para inserir a próxima opinião, lanço aqui o comentário a mais uma das séries que já sigo há bastantes anos.

Antes de mais, devo referir que esta foi uma das séries em que a editora Saída de Emergência me conseguiu conquistar graças à sua famosa promoção 2=3. Mas não foi uma primeira escolha. Na altura a oferta que pretendia era A Odisseia dos Dez Mil de Michael Curtis Ford, mas estando este esgotado, das opções existentes, acabei por descobrir um livro, com uma capa tão apelativa que nem se dava por ele, mas que nessa mesma capa se resumia em "Aventura, intriga e glória no seio das legiões Romanas". Não me pareceu mal, era oferta, não se perdia nada em arriscar. Já agora fica aqui a capa antiga:



A nova, bem mais cativante a meu ver:



e a Sinopse:
"Afastado de Roma devido a uma conspiração que envolve o próprio Imperador, o jovem Quintus Cato, amante das letras e da vida no palácio, chega à Germânia para se inscrever como recruta na Segunda Legião, a mais temida e afamada dos exércitos de Roma. E se a adaptação aos rigores da vida militar já se revela terrivelmente difícil, o jovem ainda tem de enfrentar o desprezo dos camaradas quando descobrem que, graças aos contactos que tem em Roma, Cato vai receber um posto superior ao deles: o de lugar-tenente de Macro, o mais experiente e destemido de todos os centuriões. Para recuperar o respeito dos camaradas, Cato vai ter de provar a sua coragem contra as sanguinárias tribos germânicas. E se sobreviver, o pior ainda está para vir: a Segunda Legião vai ser enviada para uma terra de barbaridade sem paralelo, a nebulosa e distante Britânia. E ele e Macro, escolhidos para uma missão secreta repleta de intrigas, que ameaçam não só as suas vidas, mas também o futuro do Império."

A verdade é que trouxe o livro para casa, li-o, gostei e fui comprando os seguintes. Tanto me agradou que Simon Scarrow é o autor de Romances Históricos actual que mais gosto de ler.

Curiosamente sinto por este autor uma relação diferente aos outros, porque Scarrow parece que cresce como escritor enquanto nós leitores acompanhamos e apercebemos-nos disso mesmo. Os dois primeiros livros da série, e também da sua bibliografia, "A Águia do Império" e "O Voo da Águia" são bons, interessantes, prendem-nos aos personagens principais, mas foi quando terminei de ler o terceiro livro "As Garras da Águia" que me apercebi de um salto muito significativo na estruturação da obra e qualidade da narrativa. Scarrow tinha dado um passo em frente e com isso adquirido um espaço privilegiado na minha estante, o dos livros que eu sei que me prenderão do início ao fim e sei com o que contar.

A série é, até ao momento, composta por 11 livros enumerados abaixo e que cronologicamente se passam entre o ano 42 e o ano 50.

1 - A Águia do Império
2 - O Voo da Águia
3 - As Garras da Águia
4 - A Águia e os Lobos
5 - A Águia de Sangue
6 - A Profecia da Águia
7 - A Águia no Deserto
8 - Centurião
9 - Gladiador
10 - Legião
11 - Pretoriano

Após o 7º livro o termo águia deixou de constar do nome dos livros, aparentemente porque o editor original quis atrair mais leitores à série. Portanto, actualmente é a Série da Águia sem águia.

Os livros são, apesar de seguirem uma cronologia, apresentados de uma forma independente e poderão ser lidos em ordem aleatória. No entanto, como têm sido escritos segundo a ordem cronológica, são mais dependentes desta do que por exemplo os livros da Série Sharpe de Cornwell.

Situando-os geograficamente, o primeiro livro é passado na sua primeira parte na Germânia, e na segunda parte tal como os livros 2, 3, 4 e 5 na invasão da Britânia. O 6º passa-se na Costa Ilíria, o 7º na Judeia, o 8º em Palmira, o 9º na ilha de Creta, o 10º no Egipto e o 11º em Roma.

A série evolui à volta de duas personagens principais, os heróis, Quintus Licinius Cato, filho de um liberto, que é incorporado nas legiões no início do primeiro livro e que é o oposto do soldado típico, extremamente jovem, alto e franzino, calmo, sensível, inteligente e muito dado a reflexões o que o torna algo inseguro, mas de uma determinação férrea que o torna num militar exemplar. E Lucius Cornelius Macro, o verdadeiro soldado, veterano com 15 anos de serviço, bruto, impulsivo, grosseiro, acho que nunca vi tanto palavrão junto em livros como nos "discursos" do Macro, disciplinado e disciplinador, baixo e possante.
Não poderiam ser mais diferentes, mas a amizade que os liga é coriácia pois não há Cato sem Macro e Macro sem Cato.

Ponto positivo em relação a Cornwell, que foi certamente um dos autores que inspirou Scarrow, nenhum dos personagens tem a veia de mulherengo de Sharpe, nem as mulheres fabulosas aparecem a cada esquina. Ponto negativo, as promoções nas carreiras, especialmente do Cato, são excessivamente rápidas. A este ritmo lá para o ano 65 o Cato deverá ser Imperador de Roma.

A escrita de Simon Scarrow é bastante descontraída, não tem a relevância histórica das obras de Cornwell, mas nota-se que há estudo por trás. As intrigas do Império Romano e a vida nas campanhas das Legiões Romanas "soam" a bastante verosímeis. As missões e as batalhas são muito bem descritas, extremamente visuais, brutais como se espera desta época histórica.

O 12º livro estará para sair em breve. Provavelmente continuará a seguir a ordem cronológica, mas espero que um dia Scarrow volte atrás e conte mais estórias de Cato e Macro na invasão da Britânia. Apesar de ser o início das suas aventuras penso que os livros passados nas ilhas Britânicas tinham mais ambiente, faziam parte de uma campanha mais longa, que durou 5 livros, ao contrário dos restantes que são mais individuais.

Nota (escala 1 a 10): 7,5 de média para os oito livros até ao Centurião.
TheKhan

segunda-feira, 18 de março de 2013

Sombras e Fortalezas

















Autor: Elizabeth Chadwick
Editora: Saída de Emergência
Nº de Páginas: 447
ISBN: 9789898032591
 
Sinopse:
Inglaterra, 1148. Brunin é um rapaz de dez anos marginalizado pela própria família. Uma criança reservada, é atormentado pelos irmãos e desprezado pela avó autoritária. Numa tentativa de torná-lo um herdeiro de quem se orgulhe, o pai envia-o para a casa de Joscelin, Senhor de Ludlow, onde Brunin irá aprender as artes da cavalaria. Mas, antes que o consiga, terá que ultrapassar a insegurança e as dúvidas que sente sobre si próprio. Hawise, a filha mais nova de Joscelin, cedo forma uma forte amizade com Brunin. As alianças de família forçam o seu pai, com o jovem como seu pajem, a auxiliar o Príncipe Henrique na sua batalha pela coroa inglesa. Entretanto, o próprio Senhor de Ludlow é ameaçado pelo seu rival, Gilbert de Lacy. Enquanto prossegue a luta pela coroa e o rival se prepara para atacar, Brunin e Hawise cedem à paixão.É então que as propriedades da sua família são atacadas e Brunin tem de mostrar o que aprendeu. Mas estará a jovem Hawise do seu lado, num mundo onde os poderosos raramente respeitam os ideais de cavalaria? Brunin terá que enfrentar o futuro com coragem... ou perder tudo. 

Opinião:
Este livro conta a história de duas famílias do século XII, numa instável Inglaterra medieval. Brunin, um rapazinho calado e desprezado pela família, é enviado para a casa de Joscelin De Dinan, amigo do pai para aprender a ser cavaleiro. Em Ludlow, conhece Hawise, a filha rebelde e preferida de Joscelin. Entre eles nasce uma grande amizade.

Elizabeth Chadwick apresenta-nos um romance histórico magnífico e apaixonante, bem escrito, com personagens fortes e bem construídas, baseadas em pessoas reais. Brunin encantou-me desde o início. Assistimos, ao longo da história, ao seu crescimento pessoal e ao de Hawise também. As mulheres em geral estão destacadas. Quando lemos um livro histórico, estamos habituados a ver as mulheres como seres submissos. Este mostra-nos que as mulheres, ao longo da história, sempre tiveram uma voz activa nas decisões, ainda que disfarçadamente.

É uma história emocionante, com muitas aventuras e surpresas, que nos envolve e nos faz viver um pouco as alegrias e dores de cada personagem. É uma linda história de amor, sem o dramatismo dos amores impossíveis, de amizade, honra e lealdade. É um livro que nos deixa com um sorriso nos lábios.

Existe só um problema que me deixou ligeiramente irritada. Existem algumas gralhas na revisão do livro, nota-se mais no último terço deste. Em certas cenas, há trocas de nomes de personagens e alguns erros de escrita. Não é nada muito grave, mas chateia, pelo menos a mim, que gosto de tudo perfeitinho.

No entanto, recomendo vivamente este livro.

Nota (escala de 1 a 10): 7
IrishGirl

sexta-feira, 15 de março de 2013

E-books

Chamem-nos velhos, mas não há nada como o bom e tradicional livro em papel.

Le papier ne sera jamais mort:


Contribuição do amigo Almirante8.

quinta-feira, 14 de março de 2013

Richard Sharpe


Quando decidimos criar este blog, já tínhamos obviamente largos anos de leituras e ao longo desses anos, fomos avançando em determinadas séries de livros. As obras de Bernard Cornwell sobre o fuzileiro Sharpe é uma delas. Tanto avancei, que infelizmente já li todos os livros desta série editados em Portugal.
Aqui levanta-se um problema. Se li todos os livros editados em Portugal pela extinta Planeta Editora, estes foram só 12 e a série completa é composta por 21 livros, fora os pequenos contos.
Enquanto a editora, que actualmente detém os direitos do autor Bernard Cornwell no nosso país, a Saída de Emergência, teimosamente continua a editar deste autor livros de menor relevância, sem pegar na sua série mais famosa, deixo aqui a lista dos livros que a Planeta Editora lançou antes de fechar as portas:

Sharpe e a Batalha de Trafalgar - nº4 da série Sharpe
Sharpe e os Fuzileiros - nº6
Sharpe e a Campanha de Wellington - nº7
Sharpe e a Águia do Império - nº8
A Fuga de Sharpe - nº9
Sharpe e o Ouro - nº10
A Fúria de Sharpe - nº11
O Desafio de Sharpe - nº12
Sharpe e o Cerco de Badajoz - nº13
Sharpe e a Campanha de Salamanca - nº14
Sharpe e a Defesa de Portugal - nº15
A Honra de Sharpe - nº16

A numeração acima é uma arrumação cronológica dos livros, de acordo com acontecimentos históricos. Os três primeiros livros da série são passados na Índia entre 1799 e 1803, o quarto como o nome indica, na célebre Batalha naval de Trafalgar e o quinto numa campanha em Copenhaga. Do sexto até ao décimo sexto vem o período que nos toca mais, pois são passados na Guerra Peninsular, saltando Sharpe e a sua companhia de fuzileiros entre Portugal e Espanha. Daí para a frente os livros são passados numa fase entre a Guerra Peninsular e a Batalha de Waterloo que é descrita no livro nº20, a série para já fecha no nº21 em que Sharpe se encontra com Napoleão em 1820.

Os livros apesar de terem esta ordem cronológica não foram escritos neste seguimento. O primeiro foi a Águia do Império em 1981 (por sinal o meu livro favorito da série) e o último A Fúria de Sharpe em 2006. Algumas destas obras foram escritas como argumento para a série de tele-filmes interpretada por Sean Bean, daí ter colocado a foto desse Sharpe no início do comentário.


Bernard Cornwell é sem dúvida um dos melhores autores de Romances Históricos, e é uma sorte para nós Portugueses termos um autor deste calibre, a escrever sobre acontecimento da História de Portugal.

As Guerras Napoleónicas são um dos meus acontecimentos favoritos da História Mundial, como já tive oportunidade de dizer nos comentários à série Téméraire, e Napoleão um dos personagens reais que considero mais fascinantes. Sim, é verdade, eu tenho uma tendência para gostar das personagens reais ou fictícias que a opinião pública considera os maus da fita.

Juntando estes pontos não foi difícil ter tomado a decisão de comprar em 2004 ou 2005 o Sharpe e os Fuzileiros, apesar de esteticamente os livros da Planeta Editora nunca terem sido muito apelativos. Rapidamente fui convencido da qualidade das narrativas e fui comprando os restantes livros até que terminei no final do ano passado o Sharpe e a Batalha de Trafalgar. Porquê este no fim? Porque foi o último livro editado pela Planeta Editora. Agora é aguardar que a série seja retomada pela Saída de Emergência.

Quanto aos livros em si, de muito positivo temos as descrições de acção, seja das batalhas seja das missões para o qual Sharpe é assignado. São de um realismo puro, pois transmitem a sensação de estarmos a seguir a História real, o que na verdade em muitos dos livros estamos mesmo, obviamente com alguma ficção pelo meio derivada da inserção das personagens criadas pelo autor.

As obras estão escritas de forma a serem lidas numa ordem completamente aleatória. O leitor pode começar por qualquer um dos livros, obviamente que começando pelos mais avançados corre sempre o risco de chocar com alguns "spoillers" das obras anteriores, mas Cornwell tem o especial cuidado de inserir o leitor na série em qualquer dos livros, o que é excelente para os iniciantes mas por outro lado acaba por se tornar algo cansativo lermos repetidamente, livro a livro, determinadas passagens da vida de Sharpe.

Sharpe é um daqueles heróis agradáveis ao leitor, o típico jovem que vem do nada, que a carreira militar é a única opção de vida e que vamos acompanhando nas suas dificuldades para subir na carreira e na consideração dos poderosos. Duro, taciturno, líder carismático e de confiança, mas temperamental e rebelde o suficiente para nos surpreender com acções que contrariam a ordem. É o herói com a combinação de perfeição/imperfeição suficiente para o leitor se levar a entrar na personagem.

Se as batalhas são o ponto alto destes livros pois são uma combinação de questões técnicas, do posicionamento táctico às armas utilizadas, tudo explicado de uma forma sucinta e nada massuda, misturadas com a brutalidade da guerra homem-a-homem, do personagem que páginas antes foi apresentado e que agora se encontra morto ali ao lado, à crueza dos intervalos nos combates para o levantamento dos cadáveres, o romance é o ponto mais fraco. Sim porque há romance, Sharpe em vários aspectos é com o James Bond e nos seus livros também tem de ter as suas "Sharpe Girls". E isto, a meu ver, é irritante. O homem anda em guerra mas acaba sempre por esbarrar com quinta-essência da beleza feminina. E essas mulheres deslumbrantes acabam na sua grande maioria por se apaixonar pelo nosso amigo Sharpe, que mulherengo e romântico como é também não lhes resiste. Nos 12 livros que li, Sharpe tem relacionamentos amorosos com as seguintes damas, Grace Hale, Josefina Lacosta, Teresa Moreno, Sarah Fry, Caterina Veronica Blazquez, Juanita de Elia e Hélene Leroux. Isto para não falar de Louisa Parker e Kate Savage que ele bem tenta mas escolhem outros. Vou repetir, o homem anda em guerra, muito bem que a virilidade fica sempre bem num herói mas tudo o que é demais chateia. Quando comecei a ler A Batalha de Trafalgar pensei, este é passado no mar e num barco não há mulheres... pois...

Os livros do Sharpe são previsíveis e repetitivos, mas é por isso que os compramos, já sabemos que tipo de história teremos, que o bom do Sharpe, por mais dificuldades que tenha, sairá sempre por cima no fim. É mais uma vez como o 007, se ele morre no início do filme ninguém se levanta do cinema a pensar que o filme já acabou.

Uma palavra para a série de tele-filmes. Já li muitas opiniões de que é excelente, quase tão boa como os livros... não é. O Sean Bean é "o Sharpe" mas os filmes são fraquinhos.

Ia-me esquecendo de mencionar o Harper, o fiel escudeiro, é Irlandês, é bruto é excelente.

Resumindo, são bons romances históricos, personagens apelativas, ficção muito bem misturada com a realidade e leiam porque estão ali alguns episódios muito interessantes da história de Portugal.

Nota (escala 1 a 10): 7,5 de média para os doze livros que li.
TheKhan

quarta-feira, 6 de março de 2013

A Ignorância do Sangue

 

Autor: Robert Wilson

Editora: Publicações Dom Quixote
Páginas: 423
ISBN:  9789722038461
SérieJavier Falcon 4 of 4
 
Sinopse:
A abrasadora cidade de Sevilha ainda está a recuperar de um chocante e ainda não solucionado ataque terrorista quando um violento e espectacular acidente de carro faz incidir a luz sobre outra ameaça. Um gangster morto e uma mala cheia de dinheiro significam que a máfia russa se encontra no caminho do Inspector Jefe Javier Falcón.

À medida que emerge uma intensa guerra entre bandos rivais, Falcón encontra-se, assim como aqueles que lhe estão mais próximos, no centro da disputa e vê-se como alvo de forças letais subitamente desencadeadas. Perante um ataque tão brutal, Falcón decide retaliar com uma impiedade que o surpreende tanto quanto aos seus adversários… mas que terá um desenlace trágico.
 
Opinião:
Antes de mais quero transmitir a minha relação de necessidade mas ódio com as sinopses dos livros. Necessidade porque quando não conhecemos, temos de as ler para ter uma ideia do livro em si. Ódio porque muito vezes ou contam demasiado da história ou criam determinadas expectativas que não se vêm a confirmar. Neste livro, andei as últimas páginas a aguardar um acontecimento que não se veio a verificar.
 
A Ignorância do Sangue é o quarto livro da série sobre o Inspector Chefe, de Sevilha, Javier Falcón. E sendo o último, deixa-nos com um certo amargo de boca pois Falcón é um personagem muito bem conseguido, extremamente complexo, psicologicamente debilitado pela infância e os acontecimentos que vão se desenrolando nos livros anteriores. E por falar nas obras anteriores, é imperioso ler na ordem pela qual foram escritos, pois estão completamente interligados e a história desenvolve-se ao longo dos 4 livros.
 
O que nos marca nos livros Robert Wilson é a brutalidade dos acontecimentos. A descrição dos acontecimentos que antecedem o 1º capítulo, de A Ignorância do Sangue, é exemplo disso mesmo, está maravilhosamente escrita e prepara-nos para aquilo que vamos ler. Para Wilson não há "paninhos quentes", os crimes são de uma crueza enorme, de uma realidade destapada. São descritos de uma forma que parece que o autor quer partilhar o desequilíbrio psicológico da personagem principal com o leitor.
 
O livro tal como os restantes da série, é passado maioritariamente nas ruas de Sevilha, no seu característico calor abrasador, o ritmo da escrita é como o tempo, sufocante. A obra decorre num espaço de tempo de uma semana, os acontecimentos sucedem-se uns atrás dos outros, não há tempo para descansar, nem para Falcón nem para o leitor.
 
Considero que todos os livros tem uma altura em que não os queremos largar, a fase em que consideramos que já estamos totalmente focados na história e que já só queremos ler mais e mais para ver como acaba. Neste livro em particular aconteceu-me a 150 páginas do fim. Na altura pareceu-me um pouco cedo e acabou por assim se revelar, o livro tem um final dividido em duas partes. Para mim a história peca em alargar-se demasiado. Existe um pedaço desta, a segunda parte do desfecho, que eu considero como sendo lateral e acrescenta pouco ao resto da trama. No fundo e sem querer "abrir o livro" preferia que a história tivesse ficado só pelos espanhóis, russos e americanos.
 
Curiosidade: o autor é proprietário de uma quinta no Alentejo, e pelo que tenho como informação divide o seu tempo entre Inglaterra e Portugal.
Na sua obra tem dois livros passados no nosso país, o Último Acto em Lisboa, que já li e recomendo vivamente, e A Companhia de Estranhos que vai ser uma das minhas aquisições da próxima Feira do Livro de Lisboa.
 
Robert Wilson é um dos bons autores de romances policiais modernos.
 
Nota (escala 1 a 10): 7
TheKhan
 

 


segunda-feira, 4 de março de 2013

Êxtase Mortal



Autor: J. D. Robb (Pseudónimo de Nora Roberts)
Editora: Saída de Emergência
Nº de Páginas: 272
ISBN: 9789898032546
Série: In Death nº4
 
Sinopse:
A lua-de-mel de Eve e Roarke é interrompida pelo estranho suicídio de um dos jovens engenheiros das empresas Roarke. Ao regressarem a casa, Eve é confrontada com outros casos de suicídio que usam diferentes métodos, mas todos partilham o mesmo sorriso desconcertante no rosto da vítima. Ela descobre que não se trata de mera coincidência e alguém está a planear a morte destas pessoas. Mas quando Eve se apercebe de que um dos alvos é o seu marido, a sua própria felicidade é ameaçada. Num romance cheio de mistério, suspense e violência, a tenente Eve Dallas é atraída para o mundo da realidade virtual onde a mente se torna num instrumento letal de destruição…

Opinião:
Este é já o 4º livro da J. D. Robb que li. Pertence uma série de policiais futuristas com elementos de ficção científica, passando-se a acção numa Nova Iorque em pleno século XXI, no ano de 2058.
A história começa com a lua-de-mel de Roarke e Eve, onde ocorre um estranho suicídio de um jovem engenheiro. Quando regressam, Eve encontra outros casos idênticos. Para Eve, estes suicídios não tinham explicação, porque estas pessoas não tinham o perfil necessário. Continuando a investigação, descobre que a próxima vitima será o marido.
Apesar da ênfase dada à resolução de um crime em cada um dos livros, o tema geral da série é o desenvolvimento da relação entre a Detective Eve Dallas e Roarke. Neste livro, nota-se uma mudança em Eve, que era uma mulher independente e sozinha. Esta admite aquilo que nunca pensou em admitir, que é amar alguém. Outro tema polémico do livro, é a herança genética. Isto é, se o nosso comportamento é influenciado pelo o que nossos pais são ou foram, ou se somos nós que escolhemos o que queremos ser, se somos nós os responsáveis pelas nossas acções.
É uma história com muita acção, suspense e sentimentos. As personagens são interessantes e divertidas. Aliás, toda a série é engraçada no sentido em que se passa no futuro. O mais giro, é que existem certos aspectos do "futuro", que para nós em 2013, já não parecem muito futuristas, tendo em conta que o livro foi escrito em 1996.
É um livro interessante, cheio de mistério e romance.

Nota (1 a 10): 7

IrishGirl