quinta-feira, 14 de março de 2013

Richard Sharpe


Quando decidimos criar este blog, já tínhamos obviamente largos anos de leituras e ao longo desses anos, fomos avançando em determinadas séries de livros. As obras de Bernard Cornwell sobre o fuzileiro Sharpe é uma delas. Tanto avancei, que infelizmente já li todos os livros desta série editados em Portugal.
Aqui levanta-se um problema. Se li todos os livros editados em Portugal pela extinta Planeta Editora, estes foram só 12 e a série completa é composta por 21 livros, fora os pequenos contos.
Enquanto a editora, que actualmente detém os direitos do autor Bernard Cornwell no nosso país, a Saída de Emergência, teimosamente continua a editar deste autor livros de menor relevância, sem pegar na sua série mais famosa, deixo aqui a lista dos livros que a Planeta Editora lançou antes de fechar as portas:

Sharpe e a Batalha de Trafalgar - nº4 da série Sharpe
Sharpe e os Fuzileiros - nº6
Sharpe e a Campanha de Wellington - nº7
Sharpe e a Águia do Império - nº8
A Fuga de Sharpe - nº9
Sharpe e o Ouro - nº10
A Fúria de Sharpe - nº11
O Desafio de Sharpe - nº12
Sharpe e o Cerco de Badajoz - nº13
Sharpe e a Campanha de Salamanca - nº14
Sharpe e a Defesa de Portugal - nº15
A Honra de Sharpe - nº16

A numeração acima é uma arrumação cronológica dos livros, de acordo com acontecimentos históricos. Os três primeiros livros da série são passados na Índia entre 1799 e 1803, o quarto como o nome indica, na célebre Batalha naval de Trafalgar e o quinto numa campanha em Copenhaga. Do sexto até ao décimo sexto vem o período que nos toca mais, pois são passados na Guerra Peninsular, saltando Sharpe e a sua companhia de fuzileiros entre Portugal e Espanha. Daí para a frente os livros são passados numa fase entre a Guerra Peninsular e a Batalha de Waterloo que é descrita no livro nº20, a série para já fecha no nº21 em que Sharpe se encontra com Napoleão em 1820.

Os livros apesar de terem esta ordem cronológica não foram escritos neste seguimento. O primeiro foi a Águia do Império em 1981 (por sinal o meu livro favorito da série) e o último A Fúria de Sharpe em 2006. Algumas destas obras foram escritas como argumento para a série de tele-filmes interpretada por Sean Bean, daí ter colocado a foto desse Sharpe no início do comentário.


Bernard Cornwell é sem dúvida um dos melhores autores de Romances Históricos, e é uma sorte para nós Portugueses termos um autor deste calibre, a escrever sobre acontecimento da História de Portugal.

As Guerras Napoleónicas são um dos meus acontecimentos favoritos da História Mundial, como já tive oportunidade de dizer nos comentários à série Téméraire, e Napoleão um dos personagens reais que considero mais fascinantes. Sim, é verdade, eu tenho uma tendência para gostar das personagens reais ou fictícias que a opinião pública considera os maus da fita.

Juntando estes pontos não foi difícil ter tomado a decisão de comprar em 2004 ou 2005 o Sharpe e os Fuzileiros, apesar de esteticamente os livros da Planeta Editora nunca terem sido muito apelativos. Rapidamente fui convencido da qualidade das narrativas e fui comprando os restantes livros até que terminei no final do ano passado o Sharpe e a Batalha de Trafalgar. Porquê este no fim? Porque foi o último livro editado pela Planeta Editora. Agora é aguardar que a série seja retomada pela Saída de Emergência.

Quanto aos livros em si, de muito positivo temos as descrições de acção, seja das batalhas seja das missões para o qual Sharpe é assignado. São de um realismo puro, pois transmitem a sensação de estarmos a seguir a História real, o que na verdade em muitos dos livros estamos mesmo, obviamente com alguma ficção pelo meio derivada da inserção das personagens criadas pelo autor.

As obras estão escritas de forma a serem lidas numa ordem completamente aleatória. O leitor pode começar por qualquer um dos livros, obviamente que começando pelos mais avançados corre sempre o risco de chocar com alguns "spoillers" das obras anteriores, mas Cornwell tem o especial cuidado de inserir o leitor na série em qualquer dos livros, o que é excelente para os iniciantes mas por outro lado acaba por se tornar algo cansativo lermos repetidamente, livro a livro, determinadas passagens da vida de Sharpe.

Sharpe é um daqueles heróis agradáveis ao leitor, o típico jovem que vem do nada, que a carreira militar é a única opção de vida e que vamos acompanhando nas suas dificuldades para subir na carreira e na consideração dos poderosos. Duro, taciturno, líder carismático e de confiança, mas temperamental e rebelde o suficiente para nos surpreender com acções que contrariam a ordem. É o herói com a combinação de perfeição/imperfeição suficiente para o leitor se levar a entrar na personagem.

Se as batalhas são o ponto alto destes livros pois são uma combinação de questões técnicas, do posicionamento táctico às armas utilizadas, tudo explicado de uma forma sucinta e nada massuda, misturadas com a brutalidade da guerra homem-a-homem, do personagem que páginas antes foi apresentado e que agora se encontra morto ali ao lado, à crueza dos intervalos nos combates para o levantamento dos cadáveres, o romance é o ponto mais fraco. Sim porque há romance, Sharpe em vários aspectos é com o James Bond e nos seus livros também tem de ter as suas "Sharpe Girls". E isto, a meu ver, é irritante. O homem anda em guerra mas acaba sempre por esbarrar com quinta-essência da beleza feminina. E essas mulheres deslumbrantes acabam na sua grande maioria por se apaixonar pelo nosso amigo Sharpe, que mulherengo e romântico como é também não lhes resiste. Nos 12 livros que li, Sharpe tem relacionamentos amorosos com as seguintes damas, Grace Hale, Josefina Lacosta, Teresa Moreno, Sarah Fry, Caterina Veronica Blazquez, Juanita de Elia e Hélene Leroux. Isto para não falar de Louisa Parker e Kate Savage que ele bem tenta mas escolhem outros. Vou repetir, o homem anda em guerra, muito bem que a virilidade fica sempre bem num herói mas tudo o que é demais chateia. Quando comecei a ler A Batalha de Trafalgar pensei, este é passado no mar e num barco não há mulheres... pois...

Os livros do Sharpe são previsíveis e repetitivos, mas é por isso que os compramos, já sabemos que tipo de história teremos, que o bom do Sharpe, por mais dificuldades que tenha, sairá sempre por cima no fim. É mais uma vez como o 007, se ele morre no início do filme ninguém se levanta do cinema a pensar que o filme já acabou.

Uma palavra para a série de tele-filmes. Já li muitas opiniões de que é excelente, quase tão boa como os livros... não é. O Sean Bean é "o Sharpe" mas os filmes são fraquinhos.

Ia-me esquecendo de mencionar o Harper, o fiel escudeiro, é Irlandês, é bruto é excelente.

Resumindo, são bons romances históricos, personagens apelativas, ficção muito bem misturada com a realidade e leiam porque estão ali alguns episódios muito interessantes da história de Portugal.

Nota (escala 1 a 10): 7,5 de média para os doze livros que li.
TheKhan

2 comentários:

  1. Concordo com escrito. Li alguns Sharps e, com o primeiro livro que se lê (não obritariamente o Nº1) ficamos entusiasmados mas a historia vai-se repetindo à medida que se vai lendo mais livros e começamos a adivinhar o que vai acontecendo. Os livros passados em Portugal vale mesmo a pena ler porque têm nomes de localidades que todos nós conhecemos e que muito pouca gente sabe o que aconteceu nesses mesmo locais, não há muito tempo. Mas vale a pena ler. Sem dúvida.

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  2. concordo, o pé no saco é que demora demais para lançar o próximo quando estivermos no numero 21 quem sabe eu já terei morrido

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