sábado, 30 de novembro de 2013

A Pista de Gelo

 

Autor: Roberto Bolaño
Editora: Quetzal
Páginas: 198
ISBN: 978925649985
 
Sinopse:
Tudo se passa durante um mês de verão numa praia do Mediterrâneo. Há uma mansão arruinada, uma bonita patinadora em decadência, e a paixão de um autarca de província. É há um crime, nas diferentes versões de três narradores que se vão completando e corrigindo. Remo Móran, Gaspar Heredia e Enric Rosquelles estão ligados a esse acontecimento central e, sem o saberem, podiam tê-lo impedido.

Pista de Gelo - que se constrói sobre as linhas características do projeto narrativo de Roberto Bolaño - é um espaço de reflexão sobre a corruptibilidade dos políticos, sobre a ação perturbadora do amor nas pessoas, sobre o desenraizamento, a amizade e a dissolução dos sonhos. E mostra-nos, sobretudo, que nada é o que aparenta ser, nada é bem o que nos contam; e que mesmo na ausência de sentido, a vida prossegue.
 
Opinião:
Há livros que lhes pegamos um pouco a medo. São aqueles que nos chamam à atenção, o autor é consagrado mas será que nos irão agradar? Se sim o prazer que tiramos deles é sempre assinalável.
 
A Pista de Gelo um dos livros que entra, para mim, nessa categoria. E sim que agradável foi lê-lo.
 
O livro é relativamente pequeno, com menos de 200 páginas, e quando o desfolhamos a primeira coisa que salta à vista são os capítulos bastante curtos e a ausência de parágrafos. Parece denso mas não o é, pelo menos sempre que começava um capitulo terminei-o sempre, nunca se tornando massudo.

A escrita é extremamente fluída, a narração é feita na primeira pessoa, em jeito de relato, o que limita largamente as descrições, assim o livro é objectivo, não há perda de tempo em divagações. Os relatos individuais são complementares mas pouco aprofundados o que dá largas à imaginação do leitor.

A sinopse que apresenta o livro é incrivelmente precisa, quando o terminei constatei que não seria possível ser resumido de melhor forma.

Mas o que é que torna este livro melhor do que a maioria? Sem dúvida que o relacionamento do leitor com as personagens. Quando o estamos a ler, somos automatica-mente transportados para o local onde se passa a acção, Z, e os capítulos ou relatos são como que uma conversa de café com os narradores. Depois há sentimento, há ligação com as personagens, há o sentir o que eles sentem, o ver o que eles vêem, amar, sonhar e recear.

A caracterização das personagens não é aprofundada, ao lermos o livro sentimos que as conhecemos, mas no fundo eles não são mais do que um conjunto de pessoas que conhecemos numas férias de Verão. Um mês, um passado praticamente desconhecido e um futuro distante.

Das personagens há a destacar a força de Remo, a paixão de Gaspar e Caridad, os sonhos de Carmen e Enric o tão Ibérico político corrupto, fraco e desprezível. O seu destino deveria ser o mesmo destino de muitos dos políticos "coladores de cartazes" deste país.

Gostei, agora é comprar o "2666" e lê-lo.

Nota (escala 1 a 10): 8
TheKhan



terça-feira, 26 de novembro de 2013

Royal Flash

















Autor: George MacDonald Fraser
Editora: Saída de Emergência
Páginas: 258
ISBN: 9789896372774
Série: The Flashman Papers nº 2 de 12

Sinopse:
A sua cobardia só é comparável à sua cara de pau. Harry Flashman tem tudo para ser o maior herói do Império Britânico. E esta é a sua odisseia! Dos salões vitorianos de Londres às fronteiras exóticas do Império, prepare-se para conhecer o maior herói do seu tempo (raios, de todos os tempos!)Após o seu regresso do Afeganistão como herói de guerra, Flashman vê-se envolvido com a bela e perigosa Lola Montez e o malévolo Otto Von Bismarck numa batalha de engenhos que irá decidir o destino de um continente. Dando início a uma aventura épica, o nosso galã embrulha-se numa sucessão desesperada de fugas, disfarces, encontros amorosos e combates singulares que atravessam os salões de jogo e masmorras de Londres para culminar nas salas de trono da Europa. Será que os talentos de Flashman irão salvar o nosso sortudo cobarde das garras de Otto Von Bismarck e da bela Lola Montez?
 
Opinião:
Já o disse numa opinião anterior, sou um adepto de anti-heróis. Flashman é um anti-herói, mas será que por isso sou um adepto deste personagem? Não, nem por isso.

Antes de mais há que situar o autor da obra na cultura popular, George MacDonald Fraser pode à primeira vista ser um nome que nada diz, mas para além da escrita da série Flashman foi também argumentista de vários filmes de Hollywood como por exemplo o "007 Octopussy", "Os Três Mosqueteiros" e "Os Quatro Mosqueteiros".

Quanto ao livro em analise, Royal Flash é o segundo de doze livros escritos por MacDonald Fraser, sobre o maior herói do Império Britânico, ou melhor, o maior canalha, mentiroso, trapaceiro, cobarde e ahh sim bajulador.

Apesar de ser só o segundo livro, parece-me ser o último editado em Português, sendo de 2010 calculo que seja mais uma das muitas colecções que preenchem a minha pequena biblioteca e que ficam por terminar por falta de edição de algumas obras. Mas isto é um desabafo que fica guardado para um dia mais tarde.

O livro em si é uma abordagem diferente ao estilo aventura. Diferente porque o protagonista é alguém que normalmente esperamos que seja corajoso e audaz. Flashman não o é, pelo contrário tenta por tudo fugir à acção e se possível, ainda rouba uma ou duas peças de valor para poder ter dinheiro para gastar nos chamados maus vícios.

A abordagem é interessante, mas peca pelo exagero. É irritante o herói perfeito, cheio de virtudes, que faz tudo bem e mesmo quando as coisas não correm de feição há um acto de enorme felicidade que resolve a contenda a seu favor. Mas também é irritante aquele que é exageradamente cobarde, sem qualquer sentimento nobre, mas que tal como o herói usual é bafejado por uma sorte que resolve tudo a seu favor. Nem tanto ao mar, nem tanto à terra.

Os aspectos mais interessantes, e que me prenderam mais ao livro são, pondo um pouco de lado os exageros, os momentos de introspecção que o "herói" tem perante os vários momentos de perigo que vai vivendo ao longo da história. Os receios do que poderá correr mal, as soluções alternativas, todas aquelas dúvidas que os heróis habitualmente não partilham com os leitores. O aspecto humano que seria interessante de obter de alguns personagens clássicos.

Flashman é uma personagem de ficção mas é-nos apresentado como sendo uma figura histórica, o autor conta a sua história de uma forma biográfica, com interessantes anotações que procuram inseri-lo no mundo real. Ao longo das obras ele cruza-se com variadíssimas figuras reais, neste caso em particular temos Otto von Bismarck e Lola Montez.

Resumindo, é um livro levezinho, de leitura fácil e descontraída, com alguns momentos divertidos. Lê-se rapidamente, mas não é nenhuma obra de referência. Se a editora publicasse o seguinte comprava para continuar a colecção.

Curiosidade: Sendo o autor um argumentista de Hollywood era mais do que natural que a sua personagem mais famosa fosse adoptada ao cinema, mais precisamente num filme baseado nesta mesma obra.



O actor Malcolm McDowell no filme "Royal Flash" de 1975.

Nota (escala 1 a 10): 6
TheKhan

domingo, 24 de novembro de 2013

A Cruz de Morrigan

















Autor: Nora Roberts
Editora: Saída de Emergência
Chancela: Chá das Cinco
Saga/Série: Trilogia do Círculo. Livro nº 1
Nº Páginas: 310
ISBN: 9789897100253

Sinopse:
Uma batalha entre as forças do bem e do mal está prestes a começar. De um lado Lilith, a vampira mais poderosa do mundo. Do outro, a deusa Morrigan, que tudo fará para a travar com o seu círculo... 
Irlanda, século XII. O feiticeiro Hoyt está destroçado pela perda do seu irmão gémeo, transformado num vampiro pela poderosa Lilith. A deusa Morrigan está determinada a enfrentar Lilith e avisa Hoyt de que chegará um dia em que se formará um círculo de seis, destinado a enfrentar Lilith e salvar a Humanidade. Hoyt usa os seus poderes para viajar à Nova Iorque dos dias de hoje onde descobre o seu irmão, um homem bem-sucedido mas frio e cínico, e pede-lhe auxílio na luta contra Lilith. Mas o círculo não está completo sem os poderes mágicos da artista Glenna Ward. Hoyt não confia na magia dela, mas ambos farão tudo para alcançar os seus objetivos. E ao enfrentarem legiões de inimigos, apercebem-se de que o amor que cresce entre ambos poderá aumentar as probabilidades de derrotarem Lilith... 

Opinião: 
Este livro conta a história de Hoyt e Cian, dois irmãos gémeos que foram forçosamente separados pela poderosa e maligna vampira Lilith. Hoyt é um feiticeiro e Cian um guerreiro. Este foi transformado num vampiro por Lilith. Hoyt procura vingança e tenta destruir Lilith, mas a Deusa Morrigan tem uma missão mais importante para ele. Salvar a Humanidade. Assim, Hoyt viaja no tempo para o nosso presente para encontrar o irmão e mais 4 pessoas, para juntos formarem o Círculo que irá combater a poderosa vampira.

O enredo desta história desenvolve-se, numa fase inicial, de modo um pouco lento, mas à medida que vamos avançando na leitura, e conforme vão aparecendo os personagens, a história ganha mais intensidade. As personagens são todas diferentes, cada uma com a sua particularidade. Através do "treino" a que têm de se submeter, Nora dá-nos a conhecer as caracteristicas e personalidade de cada uma. A minha preferida foi Cian, o vampiro, a típica personagem atormentada pelo passado e pela possibilidade de se redimir por tudo de errado que fez na sua vida ao longo dos séculos. Gostei também da relação entre Hoyt e Glenna. Não sendo uma relação muito complexa e cheia de problemas, é sim um amor fácil e simples, dando um toque romântico à história.

Através de uma escrita simples e bastante fluída, mas sempre brilhante, Nora apresenta-nos uma combinação de aventura, romance, magia e humor. Algumas cenas entre os personagens são super engraçadas, o que permite ao leitor uma leitura bastante descontraída.

Nora Roberts estreia-se assim no mundo do Fantástico. E devo dizer que não se saiu nada mal. Não sendo um livro muito complexo a nível de fantasia, tem todos os ingredientes para cativar o leitor. Tem vampiros, metamorfos, bruxas, feiticeiros, guerreiros, magia e, como em todos os livros da Nora, amor e romance. Fiquei, definitivamente curiosa como vai continuar esta batalha entre o bem e o mal.

Nota (escala de 1 a 10): 8

IrishGirl

terça-feira, 12 de novembro de 2013

A Feiticeira

















Autor: Michael Scott
Editora: 1001 Mundos
Páginas: 378
ISBN: 9789895577026

Sinopse:
Nicholas Flamel ficou com o coração despedaçado ao ver a sua amada Paris desmoronar-se. A cidade foi destruída por Dee e Machiavelli, mas Flamel também teve a sua quota-parte de responsabilidade.
Sophie e Josh Newman revelam cada vez mais sinais de serem os gémeos da profecia e Flamel tem de os proteger dos Anciãos Negros. Mas o Alquimista enfraquece a cada dia que passa, Perenelle continua presa em Alcatraz e, agora que Scatty desapareceu, o grupo está desprotegido. A única arma de que dispõem é Clarent - a espada gémea de Excalibur. Mas o seu poder maléfico é tão indomável que quem a empunha corre o risco de a alma lhe ser roubada.
Para manter a esperança de derrotar Dee, Nicholas tem de encontrar um ancião que ensine aos gémeos Josh e Sophie a terceira magia elementar- a Magia da Água. O problema é que que Gilgamesh é mesmo muito louco.

Opinião:
Os Segredos de O Imortal Nicholas Flamel, é uma série de fantasia descoberta pela IrishGirl, não fosse o autor irlandês, mas acabei por ser eu a avançar pela leitura dos livros.

A Feiticeira é o terceiro livro da série que é composta por seis livros. Em Portugal encontram-se editados quatro livros, mas visto que o último já foi editado em 2011, temo que seja mais uma colecção que fique incompleta.

Esta série é daquelas em que para mim os livros ficam sempre um pouco esquecidos na prateleira. E há razões para isso, o estilo é demasiado juvenil para a minha faixa etária, as personagens principais são um par de adolescente que serão os gémeos de uma profecia que indica que virão salvar o mundo, a fantasia é excessiva e pouco consistente mas a verdade é que quando os estou a ler, sinto-me agarrado e quando acabo compro o seguinte e assim começa nova saga.

Para quem não conhece esta série, é de referir que para além de Josh e Sophie, os irmãos adolescentes, que são as únicas personagens originais, todas as restantes são uma mistura de personalidades famosas com figuras da mitologia. Neste livro encontramos personagens como Nicholas e Perenelle Flamel, John Dee, Niccolò Machiavelli, Palamedes, William Shakespeare, Billy the kid, Joana D'Arc, Juan de Ayala, Scathach, Morrigan, Bastet, Cernunnos e Gilgamesh. Isto no século XXI.

À partida um livro com tantas figuras é apelativo, o problema é que apesar dos nomes lá se encontrarem, não consigo visualizar estas figuras nas personagens. As personagens originais também não brilham, Sophie é demasiado perfeita e enfadonha, Josh é irritante de tão mimado.

Quanto à fantasia excessiva, duas irrealidades que custam a aceitar. As personagens são centenárias ou até milenares, a acção da série decorre num intervalo de duas semanas. Os vulgares humanos vivem a sua vida sem se aperceberam da existência de tão fantásticas personagens, imaginem um dragão à solta na noite de Paris, na sequência do combate épico do final do livro que antecede este, os pináculos e as gárgulas da Catedral de Notre Dame são destruídas, causa apontada pela comunicação social na manhã seguinte... a chuva ácida.

Voltando um pouco atrás, com tantos defeitos que encontro porque é que fico agarrado a estes livros? Porque por um lado a acção está sempre presente, o ritmo é rápido e se os livros não são bons, também não são maus, e já que os comecei, agora quero saber como acaba a história.

Nota (escala 1 a 10): 5,5
TheKhan