segunda-feira, 28 de abril de 2014

Tigana - A Voz da Vingança

















Autor: Guy Gavriel Kay
Editora: Saída de Emergência
Nº Páginas: 312
ISBN:  9789896376260                          

Sinopse:
O príncipe Alessan e os seus companheiros puseram em marcha um plano perigoso para unir a Península de Palma contra os reis despóticos Brandin de Ygrath e Alberico de Barbadior, numa tentativa de recuperar Tigana, a sua terra natal amaldiçoada.

Brandin é um rei maquiavélico e arrogante, mas encontrou em Dianora alguém à sua altura e está cativo da sua beleza e charme. Alberico está cada vez mais consumido pela ambição, cego a todas as ciladas em seu redor.

Entretanto, o nosso grupo de heróis viaja pela Península, em busca de alianças e trunfos decisivos que podem mudar a maré da batalha a seu favor. Alessan está mais moralmente dividido que nunca, Devin já não é o rapaz ingénuo que era, Catriana apenas deseja redenção e Baerd descobre uma nova magia na Península. Conseguirá Tigana vingar a memória dos seus mortos? Ninguém consegue prever o fim nem as perdas que irão sofrer. Sacrifícios serão feitos, segredos antigos serão revelados e, para uns vencerem, outros terão forçosamente de tombar.

Opinião:
Há livros que nos conquistam de início, há outros que nos vão mantendo na expectativa para terminarem com estrondo. Tigana é um desses livros.
Peguei neste livro um mês após ter terminado a primeira metade. Relembro que na edição portuguesa o livro Tigana está dividido em dois volumes. Aconselho vivamente a quem começar a leitura da obra, que leia os dois volumes de seguida para não perderem qualquer pormenor.

Se no primeiro volume demorei algum tempo a me ambientar à obra, neste a leitura foi bem mais rápida, especialmente nas últimas cem páginas em que a história evolui em catadupa.

Tal como mencionei na critica à primeira metade, esta obra tem toda a sua força nas personagens, estas não são planas de maneira nenhuma, estão carregadas de sentimento e é isso que nos prende e a tornam marcante, até inesquecível.

Há passagens fortíssimas, a batalha dos Caminhantes Noturnos, o Mergulho, a faísca que despoleta a guerra e a própria batalha final são todos momentos que nos mantêm agarrados ao livro, e demonstram todo o brilhantismo do autor.

Com os heróis temos um pouco de tudo, desde o príncipe atormentado, ao jovem entusiasta mas inexperiente, ao misterioso e solitário guerreiro, a jovem em redenção familiar, o feiticeiro forçado, entre muitos outros, todos competentes e interessantes. Não encontrei nenhum personagem que fosse deslocado ou me criasse algum anticorpo.

Dos maus da fita, Alberico não deixa dúvidas, é o verdadeiro tirano e é odiável da primeira à última página. Mas Brandin é diferente, tão diferente que evolui de uma forma surpreendente ao longo da obra e por vez questionei-me se ele seria realmente um vilão, ou se seriamos levados a considerá-lo apenas pelo ponto de vista em que a história nos é contada. O final do livro brinda-nos com uma revelação incrivelmente surpreendente e que sela definitivamente o papel de Brandin na trama.

Quanto à fantasia em si, sempre gostei que fosse moderada, quase plausível, sem introduções forçadas. E é o caso nesta obra, toda a fantasia inserida enquadra-se e não deixa um travo amargo na boca de irrealismo.

Em suma, foi uma obra que me deu alguma luta no início, mas que me foi interessando página a página e que me conquistou fortemente no final.

Nota (escala 1 a 10): 7,5
TheKhan

quarta-feira, 16 de abril de 2014

Wilt


















Autor: Tom Sharpe
Editora: Teorema
Páginas: 301
ISBN: 9789726959632                        
Série: Wilt 1 de 5
Sinopse:
Henry Wilt, amarrado a um emprego idiota no Instituto de Letras e Tecnologia de Fenland, acaba de ser novamente preterido para a promoção. Tem pela frente longos anos a tentar enfiar literatura na cabeça de estucadores, canalizadores, talhantes e afins. E as coisas não vão melhor em casa, onde Eva, a sua mulher maciça e dominadora, é dada a ilimitados e imprevisíveis acessos de entusiasmo. As fantasias de Wilt em relação à mulher tornam-se dia a dia mais assassinas. Após uma experiência dolorosa e embaraçosa numa festa, Wilt lança-se à realização das suas fantasias mais vingativas. Eva desaparece. Rapidamente as suspeitas recaem - com fundamentos bem sólidos - sobre Wilt, que passa à situação de Homem que Está a Ajudar a Polícia nas Investigações. Mas ajudará mesmo? Wilt exerce todos os seus poderes para mostrar que a polícia não consegue distinguir entre uma pessoa desaparecida e uma boneca e entre uma prova e um buraco.


Opinião:
Adquiri este livro no dia 6 de Junho de 2013, não por ter tomado conhecimento do falecimento de Tom Sharpe, mas sim por coincidência de ter decidido nesse mesmo dia ir à Feira do Livro de Lisboa, à noite, comprar um conjunto de livros no qual este se incluía.

Seja no pequeno ou no grande ecrã sou um adepto de boa comédia, com um gosto particular pelo Britcom. Sendo assim tenho ao longo dos anos enveredado pelo estilo de comédia literária, e livro após livro vou me convencendo que este não é um estilo que me agrade particularmente. O máximo que a maioria dos livros de comédia me conseguiram tirar foram alguns sorrisos enviesados e que me lembre nunca gargalhadas desmedidas que outros críticos conseguem obter.

Quanto ao livro, devo dizer que para mim se divide em duas partes. Primeiro a parte que segue a personagem principal, Henry Wilt, e depois a que segue Eva a sua mulher. Se a primeira é bastante interessante e até divertida, na qual acompanhamos uma evolução verdadeiramente impressionante da personagem principal a segunda é perfeitamente bocejante e patética.

Henry Wilt é-nos apresentado como um homem fraco e oprimido tanto pelo seu trabalho, chefes e alunos, como pela sua mulher. A sua evolução ao longo do livro é algo de brilhante, ao longo do seu extenso e intensivo interrogatório, Wilt liberta-se e é descrito pelo inspector Flint como um "estupor de um mercador de palavras, um contorcionista verbal, um maldito destruidor da lógica, um Houdini linguístico, uma enciclopédia de informação que ninguém precisa...". Esta parte do livro convenceu-me e agradou-me bastante.

Quanto ao resto. Eva é desinteressante e o casal Pringsheim são possivelmente das piores personagens que já apanhei em literatura. Não tenho palavras para as descrever, apenas que quase me fizeram largar o livro e passar a outra leitura. Se Wilt os tivesse enterrado aos três em vez da boneca não se teria perdido nada.
Em suma o desenvolvimento de Wilt, não sei se será suficiente para me decidir a comprar o segundo livro.

Nota (escala 1 a 10): 6
TheKhan