domingo, 30 de novembro de 2014

Agincourt

















Autor: Bernard Cornwell
Editora: Planeta Editora
Páginas: 372
ISBN: 9789727312665

Sinopse:
Reza a lenda que foi na batalha de Agincourt, em 1415, que surgiu o símbolo do V da Vitória, feito com os dedos indicador e médio. Durante o combate, os franceses ameaçaram cortar os dois dedos dos arqueiros ingleses para que os rivais não pudessem voltar a usar os arcos. Após derrotarem o exército francês, três vezes maior, os ingleses deram a resposta, erguendo os seus dedos intactos.

Agincourt é a história de Nicholas Hook, um arqueiro que começa o livro alistando-se na guarnição de Soissons, uma cidade cujos santos padroeiros eram São Crispim e São Crispiniano. O que aconteceu em Soissons chocou toda a Cristandade, mas no ano seguinte, Hook faz parte daquele pequeno exército encurralado em Agincourt. Numa das mais dramáticas vitórias da História, a Batalha de Agincourt, imortalizada por Shakespeare em Henrique V, as deficientemente armadas forças de Inglaterra defrontaram e impuseram uma derrota ao muito superior exército francês, decidido a conservar a coroa longe das mãos inglesas.
Aqui, Bernard Cornwell ressuscita a lenda da batalha e do «bando dos irmãos» que combateram no dia 25 de Outubro de 1415.

Opinião:
Agincourt traz-nos uma visão diferente de uma batalha da Idade Média, neste caso da famosa Batalha de Azincourt. A variante está no seguirmos a história pela visão de um arqueiro. Os arqueiros normalmente são divisões de combate de retaguarda, o seu papel é de infligir estragos no inimigo à distância com as suas letais setas, não estando envolvidos no calor da batalha, são assim de uma forma geral esquecidos.
 
Mas os arqueiros são parte, mais do que integrante, mesmo preponderante no desenrolar desta famosa batalha, da Guerra dos Cem Anos, que se tornou uma lenda.
 
A lenda nasce após Henrique V, o Rei Inglês, invadir França no intuito de reclamar a coroa de França que seria, segundo ele, sua por direito. Com um exército de 12.000 homens, a campanha começou com a conquista da cidade portuária de Harfleur. Mas o cerco demorou demasiado tempo e custou ao exército Inglês demasiadas baixas, não só pelos combates como pelo efeito devastador da disenteria.

Foi com um exército demasiado fragilizado e de número reduzido que Henrique V, na impossibilidade de marchar até Paris, optou na tentativa de humilhação dos Franceses, marchar durante vários dias até Calais e só aí embarcar de volta para Inglaterra. Mas os Franceses tinham juntado um exército de números surpreendentes para travar o exército Inglês, na travessia do Rio Somme.

Após manobras, os dois exércitos encontraram-se perto da Vila de Azincourt, conta-se que Henrique V dispunha de 8.500 homens, dos quais 7.000 seriam arqueiros, enquanto que os Franceses seriam entre 30.000 a 50.000. Os números serão sempre discutíveis, mas a verdade é que no final o exército Inglês, em menor número, infligiu uma pesadíssima derrota aos Franceses e prosseguiu a sua viagem até Calais.

São estes dois acontecimentos, o Cerco de Harfleur e a Batalha de Azincourt que Cornwell nos relata, de uma forma romanceada, neste livro. E fá-lo de uma forma agradável e cativante, para os amantes de Romances Históricos este é um livro que deverá gerar interesse.
 
Um pormenor relevante deste livro, para além do foco principal nos arqueiros, é que Cornwell estende largamente o factor religioso nesta obra, factor que não me tenho apercebido de ter grande relevância em outras obras, que já li no passado mas que aqui, devido à história real, primeiro por Henrique V acreditar que Deus estava com os Ingleses e que o considerava o herdeiro legítimo, bem como a "influência" de São Crispim e São Crispiano, desrespeitados pelos Franceses em Soissons, por a batalha ter sido realizada no dia de São Crispim, no resultado da batalha. Estes aspectos religiosos não me deixam muito à vontade, mas considerando a sua relevância na lenda, são de fácil aceitação.
 
As batalhas são, como de esperar, apresentadas pelo autor com uma enorme mestria, mas deixo já em jeito de aviso que neste livro são particularmente brutais, a descrição da forma como os soldados eram mortos é por vezes incómoda.
 
Claro que não seria Cornwell se não existisse um romance pelo meio, romance esse que acaba por dar alguma estrutura à história secundária e encaixa-se melhor na narrativa que em outros livros do autor.
 
Em resumo uma leitura agradável, de um género que me agrada particularmente e que tem a vantagem de ser um livro isolado, onde não esperamos continuação, o que por vezes, é uma lufada de ar fresco de forma a contrariar a enorme quantidade de série,s que quem lê se vê cada vez mais envolvido.
 
Nota (escala 1 a 10): 7,5
TheKhan

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