sexta-feira, 25 de setembro de 2015

Ligação Perigosa

















Título Original: Liaison Dangereuse
Argumento: Phillipe Graton e Denis Lapière
Desenhos: Marc Bourgne e Benjamin Benéteau
Editora: Asa
Páginas: 54
Colecção: Michel Vaillant nova temporada nº3
ISBN: 9789892328874
 

Sinopse:
Patrick Vaillant, filho de Michel, decide prosseguir as suas investigações sobre o futuro do automobilismo, deixando nas mãos do pai o desafio de vencer o espetacular Rallye du Valais com o novíssimo modelo da Vaillante. Mas a copiloto que é atribuída ao nosso herói torna perigosas, muito perigosas, tanto as etapas especiais como as ligações.
 
Opinião:
Ligação Perigosa é o terceiro álbum da nova temporada do famoso piloto de corridas Michel Vaillant. E ao terceiro livro, eu que cresci a ler os livros deste personagem que inclusivamente ajudaram a moldar aquele que sou, digo BASTA.
 
 
 
Caro Phillipe Graton, o senhor é um "criminoso", "assassinou" as personagens que o seu pai criou e evoluiu durante décadas. Desejava quebrar barreiras e adaptar esta série a uma realidade mais actual? Muito bem mas colocava o nosso fiel Michel com uma idade avançada a gozar a sua reforma e apostava nas novas gerações. Era tão simples...
 
Assim mantinha a ligação com a "temporada" anterior e podia "inventar a roda". Agora o que fez foi baralhar tudo. Colocar personagens totalmente diferentes ao nível dos seus valores, com o mesmo nome dos criados por Jean Graton, é um disparate que roça o desrespeito pelo leitor. Desta vez não tem a ver com o desenho, é o argumento que falo.
 
Quem é este Michel Vaillant? Um piloto de 40 anos volátil ao nível de um jovem lobo, com um estilo que de campeão não tem nada, que erra por pura falta de profissionalismo. Negligente como pai e falso como marido?
 
O Michel Vaillant tem um passado de 70 álbuns nos quais era, admito, demasiado perfeito, tanto que nem era a minha personagem favorita. Mas qual é o sentido de quebrar de tal maneira a ligação com o passado, mas ao mesmo tempo mantendo uma ligação umbilical que é de uma ambiguidade incrível?
 
Eu não gosto deste novo Michel Vaillant. Pior, não há uma único que personagem desta nova temporada que me agrade. Fico indiferente ao aparecimento das personagens e dos seus desenvolvimentos.
 
Os argumentos desta nova temporada quebram um pouco com a dependência do automobilismo e consigo até compreendê-lo, são livros que não são apenas para os "Petrolheads" mas pretende atingir um público mais vasto. Há uma aproximação dos "heróis" a uma vida mais real, com problemas mais usuais do dia-a-dia. Retira-se a perfeição das personagens tornando-as mais humanas, muito mais falíveis. É uma abordagem diferente que até poderia funcionar, ou melhor, acredito que funcione para leitores novos que pouca ou nenhuma ligação têm com a "temporada" anterior. Mas o passado não pode ser ignorado.
 
 
Uma característica desta nova temporada é que existe agora uma maior ligação entre os álbuns. Todos acabam com o "Continua...". A história é mais vasta, abrangendo a coleção de livros e menos limitada às páginas de um álbum só. O que acaba por manter o leitor com alguma espectativa para o livro seguinte. Antigamente era pelo prazer puro de ler um "Michel Vaillant" agora é para tentar perceber como é que a trama se vai deslindar.
 
No que toca ao desenho, começando pelas personagens, não há palavras, basta ver a imagem acima de Michel Vaillant. Tirando as personagens existem pranchas neste álbum que têm uma qualidade fantástica, os cenários estão muito bons e existem momentos de evolução dos carros de rallye que são um prazer à vista.

Resumindo, quando sair o próximo, em Outubro a versão francesa, um dia se comprará, mas já não é aquele desejo imediato que me faria comprar a versão francesa enquanto não saísse a portuguesa. E mesmo quando sair a portuguesa quando chegarmos à feira do livro logo vejo se o preço me agrada senão espera-se mais um ano. Comprar sim, mas já me custa dar 15€ por um livro que de maneira nenhuma me enche as medidas.

E eu que tenho tanto gosto pelos meus Michel Vaillant do Jean Graton que tenho lá na prateleira...
 
Nota (escala 1 a 10): 5,5
TheKhan