quarta-feira, 22 de abril de 2015

O Coração das Trevas

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Autor: Joseph Conrad
Editora: Abril/Controljornal
Páginas: 94
ISBN: 9789726116523
 
Sinopse:
Esta obra-prima do século XX tem sido uma influência que vai além da sua superior qualidade literária. Esta parábola sobre o “coração negro” do Homem, dramatizada no alegado “continente negro”, tudo transcende, adquirindo a estatura de uma das maiores, tormentosas e visionárias obras do mundo ocidental.
 
Opinião:
Possivelmente o livro mais complexo que li ou vou ler este ano.

Posto isto, mais uma crítica muito difícil de fazer. E desta vez porque é uma obra muito mais difícil de ler do que o número de páginas inicialmente nos indicam. Não que tenha demorado muito tempo a lê-lo, é curto e o vocabulário utilizado não é complexo, mas sim pelas dúvidas e confusão que me criou ao longo das suas páginas. As dúvidas nascem porque um dos aspectos mais marcantes da obra será a ambiguidade.

"O Coração das Trevas" tem similaridades com a própria vida de Conrad já que este anos antes de publicar esta obra, também fez uma viagem pelo rio Congo acima ao estilo daquela que nos é contada por Marlow.

O livro tem dois narradores, um marinheiro que é um dos "ouvintes" da história contada pelo verdadeiro narrador, Marlow. O marinheiro acaba por simbolizar o próprio leitor. A história é-nos contada, não como um livro mas como se tivéssemos à nossa frente o contador de histórias. Esse é um dos aspectos mais interessantes do livro, porque tal como qualquer história longa que nos é contada verbalmente, temos tendência a por vezes nos desligarmos um pouco e com isso perdermos alguns pormenores e é isso mesmo que acontece com este livro, não só porque nos distraímos, o que obriga muitas vezes a voltar atrás para tentar compreender a sua evolução, como propositadamente da parte do autor, é-nos contada de uma forma vaga, muito pouco pormenorizada, o que nos deixa extremamente abertos à imaginação.

Esta obra é famosa pela abordagem dos efeitos negativos do Colonialismo e do racismo inerente. E é aí que entra Kurtz o chefe de posto ou traficante de marfim, à volta do qual toda a história se desenvolve e que cria a tal ambiguidade entre aquilo que lemos e aquilo que entendemos. Marlow toma conhecimento da sua existência e enceta a viagem em busca do seu paradeiro, o anseio do narrador em conhecer Kurtz acaba por ser totalmente partilhado com o leitor.

"O Coração das Trevas" é também conhecido por servir de inspiração para o filme "Apocalypse Now".

Nota (escala 1 a 10): 6
TheKhan

 

sexta-feira, 17 de abril de 2015

À Boleia pela Galáxia

















Autor: Douglas Adams
Editora: Saída de Emergência
Páginas: 190
ISBN: 9789728839130
Série: The Hitchhiker's Guide to the Galaxy nº 1 de 5

 
Sinopse:
Segundos antes da Terra ser destruída para dar lugar a uma auto-estrada intergaláctica, o jovem Arthur Dente é salvo pelo seu amigo Ford Prefect, um alienígena disfarçado de actor desempregado. Juntos, viajam pelo espaço na companhia do presidente da galáxia (ex-hippie, com 2 cabeças e 3 braços), Marvin (robot paranóico com depressão aguda), e Veet Voojagig (antigo estudante obcecado com todas as canetas que comprou ao longo dos anos).
Onde estão essas canetas? Porque nascemos? Porque morremos? Porque passamos tanto tempo entre as duas coisas a usar relógios digitais? Se quer obter estas respostas, estique o polegar e apanhe uma boleia pela galáxia.
 
Opinião:
Definitivamente o género literário Comédia não é para mim.
 
Este é um livro altamente aclamado, faz parte das 1000 obras que todos deveriam ler pelo The Guardian, ficou classificado em 4º no "Big Read" um estudo feito pela BBC na tentativa de procurar a obra mais apreciada pelos leitores Britânicos, entre outras distinções.
 
Mas aqui o que fica é a minha opinião, e a verdade é que eu não gostei do livro. Não gostei, e apesar de me ter obrigado a ler com alguma rapidez, estive muitas vezes tentado a devolve-lo à estante antes de acabar.
 
Acredito que pelo seu estilo seja uma obra que ou se adora ou se odeia e eu devo estar em minoria. Na verdade, ao contrário da BD onde aprecio bastante a comédia, neste tipo de livros tem sido recorrente, que por mais que tente é raro que me consigam fazer rir. Não que eu seja sisudo e contra uma boa gargalhada, quem me conhece sabe que sou o oposto.
 
Assim e já estando a dar explicações a mais, e ao contrário de outros livros de comédia que já li e comentei por aqui e que se de uma forma geral não me agradaram muito, todos tiverem momentos que me fizeram rir. Esse é o grande problema de "À Boleia pela Galáxia" é que não houve um único momento em que tivesse vontade de rir.
 
A verdade é que li este livro por aconselhamento, não porque a sinopse me tenha interessado minimamente, aliás olhando agora para ela, sinceramente não me interessa obter aquelas respostas, por isso nunca o deveria ter lido.
 
Mas, tenho de admitir que é uma obra inteligente, nota-se que há muito talento no autor e que deve ser perfeitamente hilariante para determinadas pessoas. Mas não se coaduna com o meu sentido de humor por isso foi tempo e dinheiro perdido, mas juro que desta vez aprendi uma lição.
 
O segundo livro desta série, "O Restaurante no Fim do Universo" está na estante ao lado deste..........
 
Nota (escala 1 a 10): 3
TheKhan

segunda-feira, 13 de abril de 2015

A Morte de Lorde Edgware

















Autor: Agatha Christie
Editora: Edições ASA
Páginas: 240
ISBN: 9789724126548                         
Série: As Obras de Agatha Christie nº 3


Sinopse:
Poirot estava presente quando Jane Wilkinson manifestou o desejo de se livrar do marido, o aristocrata Lorde Edgware, e terminar um casamento há muito fracassado. Foi também na presença de Poirot, que o próprio confirmou o desejo de conceder o divórcio a Jane. Tudo isto não passaria de um episódio meramente passional se não envolvesse um homicídio. Agora que o corpo de Edgware é encontrado sem vida na sua própria biblioteca, todos os olhares recaem sobre a viúva e a Scotland Yard não vai descansar enquanto não resolver a questão.
Mas, para Poirot, os factos não são assim tão fáceis de explicar e, por uma só vez, o detective belga sente-se ludibriado. Afinal, como poderia Jane ter assassinado Lorde Edgware e, ao mesmo tempo, jantar com amigos? E qual poderia ser o seu motivo, já que o aristocrata concordara finalmente com o divórcio?

Opinião:
Quando comentamos muitos livros do mesmo autor, um dos desafios é tentarmos não nos repetir. Este é o quinto livro da "Duquesa da Morte" que comentamos neste blogue. Vamos então tentar não entrar em lugares-comuns.
 
"A Morte de Lorde Edgware" é narrada pelo nosso já conhecido Capitão Hastings, que como é habitual faz na perfeição a ponte entre o leitor e a mente brilhante de Hercule Poirot. Hastings é de uma certa forma a representação das ideias do leitor, mas de uma forma algo ligeira, porque apesar de não chegarmos a acompanhar as celulazinhas cinzentas de Poirot, conseguimos mesmo assim estar um pouco à frente das deduções do bom velho Capitão.
 
Presente nesta obra está também o Inspector Japp, o que traz um interesse adicional visto que este representante da Scotland Yard é extremamente interventivo e está sempre pronto para gozar o protagonista e constantemente tirar conclusões precipitadas. Por Japp certamente que metade das personagens da obra iriam parar à forca pela morte de Edgware.
 
Quanto ao caso em si, é-nos apresentado de tal forma que logicamente a sua solução é facilmente dedutível. Mais do que a lógica, são os factos que nos são apresentados nas páginas iniciais que levam a crer que a mente brilhante de Poirot não é necessária para se descobrir o culpado. Mas visto que o detective Belga está envolvido no caso, ele não descansará enquanto não conseguir ligar todas as pontas soltas. E então o óbvio deixa de o ser.
 
Poirot parece ao longo da resolução algo perdido, inclusive demasiado fechado com os seus pensamentos e aí talvez esteja o ponto mais fraco desta obra. Poirot interage muito pouco com o leitor, partilha muito pouco das suas ideias e quando apresenta as suas conclusões fá-lo de uma forma algo abrupta. Talvez a situação se deva por lhe escapar um pormenor que acaba por se resolver com uma casualidade. É um comentário de um desconhecido que acaba por fazer o "click" para que solucione o caso. Esta casualidade faz com que, tal como é explicado por Hastings, Poirot considere este caso quase como uma "derrota".
 
Independentemente deste aspecto, parece-me que esta é das obras onde o detective menos pistas transmite, o que pode frustrar o leitor, de tal forma que eu ao longo da leitura do livro não me envolvi na sua resolução e cada caminho que nos era apresentado, não me pareceu mais certo do que qualquer outro. No fundo fez com que me preocupasse apenas com descobrir a resolução no fim em vez de tentar deduzir por mim próprio quem era o assassino.
 
Um bom livro como de costume, com um final surpreendente, mas que não fica no meu top de obras favoritas de Agatha Christie.
 
Curiosidade:
Como já disse anteriormente visualizo sempre Poirot na imagem da interpretação de David Suchet. Mas, outros houve no passado que interpretaram a personagem e talvez quem mais se distinguiu foi Peter Ustinov. A adaptação desta obra a filme televisivo em 1985, "Thirteen at Dinner" com Ustinov como Poirot, conta com David Suchet no papel de Inspector Japp. Abaixo uma imagem do filme com os dois actores.
 
 
 
Nota (escala 1 a 10): 7
TheKhan


quinta-feira, 9 de abril de 2015

A Prenda



















Autor: Cecelia Ahern
Editora: Editorial Presença
Páginas: 268
ISBN: 978-972-23-4249-0

Sinopse:
Todos os dias Lou Suffern, um arquitecto bem-sucedido de Dublin, travava uma batalha inglória com o relógio, na tentativa vã de responder às múltiplas solicitações profissionais, familiares e sociais. Vivia a um ritmo vertiginoso. O seu desejo de sucesso afastou-o do que era realmente importante na sua vida. E assim foram correndo os dias até àquela gelada manhã de terça-feira em que resolveu oferecer um café a Gabe, o sem-abrigo que costumava sentar-se perto da entrada do seu escritório. À medida que o Natal se aproxima e que Lou vai privando mais de perto com Gabe, a sua perspectiva do tempo vai-se alterando... Emocionante e divertida, esta narrativa onde está sempre presente o espírito de Natal, faz-nos reflectir sobre a importância do tempo e rever as prioridades na nossa própria vida.  

Opinião:
Ler um livro da Cecilia Ahern faz-nos sempre reflectir em algo importante, e este não é excepção.

Neste livro, a autora conta-nos a história de Lou Suffern, um homem ambicioso e muito ocupado com o sua vida profissonal. Lou Suffern leva uma vida de corre corre, uma luta constante contra o tempo, desejando e tentanto estar em dois locais ao mesmo tempo. E, nunca tem tempo para a sua família. Até que conhece um sem-abrigo, Gabe, e arranja-lhe emprego. A partir daí, Lou começa a ver a sua vida a mudar.

A escrita é, como sempre, simples e bastante fluída. Muito fácil de ler. Não há muito a dizer dos personagens. Não nos marcam, são apenas o que são. Contribuem para nos ser transmitida uma lição de vida.

A história é simples e não é novidade nenhuma. É um conto de Natal. Daqueles que já todos conhecemos. No entanto, com um toque de fantasia, a autora consegue envolver-nos, e faz-nos pensar na nossa vida e naquilo que é verdadeiramente importante para nós: as pessoas que amamos.

Este livro não é dos melhores que autora escreveu, mas mesmo assim vale bem o tempo dispensado à sua leitura.

Não resisto a deixar aqui umas passagens do livro que, na minha opinião, transmitem duas lições muito importantes para a nossa vida.

"O tempo não pode ser dado. Mas pode ser partilhado."

"Dares valor às pessoas que amamos. Reconheceres todas as pessoas especiais que fazem parte da tua vida. Concentrares-te no que é verdadeiramente importante."

Nota (escala de 1 a 10): 6
IrishGirl

quinta-feira, 2 de abril de 2015

Rebelde

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Autor: Bernard Cornwell
Editora: Saída de Emergência
Páginas: 355
ISBN: 9789896374716
Série: Crónicas de Nathaniel Starbuck nº 1 de 4

 
Sinopse:
No verão de 1861 os exércitos do Norte e do Sul estão à beira de iniciar a Guerra Civil Americana, precipitando também a epopeia de um rapaz do Norte, chamado Nathaniel Starbuck, e de como acabou por lutar a favor dos sulistas.
Rejeitado pela rapariga que ama e incompreendido pela sua família, Starbuck chega a Richmond, Virgínia, capital da Confederação Sulista. É salvo por Washington Faulconer, um milionário excêntrico que está a criar o seu próprio regime de elite para lutar contra os Yankees. Starbuck alista-se na Legião Faulconer, mesmo sabendo que isso poderá implicar lutar contra o seu próprio povo.
Mas não é apenas Starbuck que enfrenta semelhantes dilemas e cedo toda a América terá de se render ao caos e à dramática violência que fratura o país em dois.

Opinião:
Depois de ter lido o terceiro livro desta série, Inimigo, eis que chegou a altura de pegar no primeiro livro e tentar dar alguma ordem à leitura.
 
O curioso de lermos livros fora da ordem é que por vezes conseguimos ser surpreendidos. Tal aplica-se nesta série porque os personagens evoluíram de tal forma que o Nathaniel Starbuck de quem li em Inimigo é-me quase totalmente irreconhecível nesta obra.
 
Ou melhor, nas primeiras páginas, onde Nathaniel é quase presenteado pelo típico alcatrão e penas, a personalidade que o caracteriza em Inimigo está lá, mas ultrapassando esse momento, o protagonista está ao longo de toda a obra tão castrado pela religiosidade, que tal como disse anteriormente não parece o mesmo. Mesmo quando é obrigado a crescer pelas vicissitudes do desenrolar da história, do encontro com o "elefante"  percebemos que muito irá evoluir ao longo do segundo livro e isso acrescenta um interesse suplementar em continuar a série.
 
Esta obra gira à volta da deserção familiar de Nathaniel, um Yankee, do abandono do seminário para seguir uma rapariga que o engana, a sua integração na Legião Faulconer e no início da Guerra Civil Americana. Avança pela rejeição de Nate aos ideais que lhe são incutidos pelo seu pai, um pregador anti-esclavagista, a vida para além das restrições religiosas, uma nova paixão por uma prostituta que irá definir o seu carácter daí para a frente e o início da guerra com a famosa batalha de Bull Run.
 
O que mais me interessou foi sem dúvida nenhuma o apresentar das personagens, aquilo que tinha sentido falta no livro anterior, e gostei particularmente da introdução a Thomas Truslow e Thaddeus Bird, duas personagens marcantes.
 
Resumindo é um livro ao estilo de Bernard Cornwell, um herói mulherengo, um antagonista particular para a obra, batalhas bem detalhadas e ambientes bem descritos. Ficou a curiosidade para ler as obras seguintes, mesmo se o tema, Guerra Civil Americana, e o protagonista não me serem particularmente apelativos.
 
Nota (escala 1 a 10): 7
TheKhan