sábado, 31 de outubro de 2015

Algo Maligno Vem Aí

















Autor: Ray Bradbury
Editora: Saída de Emergência
Páginas: 278
ISBN: 9789896374556


Sinopse:
O espetáculo está prestes a começar. O circo chega pouco depois da meia-noite, nas vésperas do Halloween. O que fariam se os vossos desejos secretos fossem concedidos pelo misterioso líder do circo, o Sr. Dark? O circo a todos chama com promessas sedutoras de juventude eterna e sonhos por cumprir…
Dois amigos adolescentes, Jim Nightshade e Will Halloway, são incapazes de resistir às atrações. A sua curiosidade de rapazes fá-los descobrir o segredo oculto nos labirintos, fumos e espelhos do tenebroso circo.
Inconscientes do perigo em que se veem envolvidos, uma terrível perseguição é posta em marcha e Jim e Will tudo terão que fazer para salvar as suas vidas. Mas, acima de tudo, as próprias almas... 

Opinião:
Esperava que fosse um livro que me impressionasse mais. Algo que me deixasse com recordações mas não o fez, talvez porque a expectativa era alta demais tendo em consideração que há quem o considere uma obra prima da literatura gótica.

Do que não gostei? Do estilo de escrita do autor. Demasiado floreado, demasiado poético, acima de tudo distractivo, o que me fez demasiadas vezes reler determinadas passagens para entender o que estava a ler e isso faz com que nos sintamos não dentro da história, mas sim a vaguear à volta dela. Talvez seja eu que amadureci demasiado e tenho muitas preocupações dentro da cabeça ao mesmo tempo, mas aquilo que senti é que não me consegui imiscuir-me na história e assim espremer tudo o que esperava dela. Talvez o devesse ter lido na adolescência.

Em contrapartida gostei muito, mas mesmo muito da relação pai/filho entre Charles e Will, extraordinária, realista e muito sentida. É algo que nos vai aparecendo a meio do livro, uma agradável surpresa que foi sem duvida nenhuma o que mais me manteve preso à sua leitura. Outra das coisas que me prendeu foi o relembrar da excelente série da HBO, Canivale que infelizmente foi cancelada à segunda temporada. Ambas as obras apresentavam-nos estes circos de figuras grotescas e assustadoras, muito diferente do que um circo é hoje em dia.

Este livro deveria ser negro, assustador e com muito suspense. É um pouco, mas não tanto como deveria ser muito por culpa das descrições demasiado extensas, que tornam o ritmo do livro demasiado lento e assim muito pouco surpreendente.

Em suma, um argumento que parecia excelente mas que na prática é interessante mas pouco mais do que isso. Pena.

Nota (escala 1 a 10): 6,5
TheKhan

terça-feira, 27 de outubro de 2015

Amor e Chocolate



















Autor: Dorothy Koomson
Editora: Porto Editora
ISBN: 978-972-0-04112-8
Nº de Páginas:416

Sinopse:
Amber Salpone não queria sentir-se atraída pelo amigo Greg Walterson, mas não consegue evitar. E, de cada vez que a atracção se concretiza em algo mais, a aventura secreta fica mais perto de se tornar numa relação séria, o que, sendo ele um mulherengo e tendo ela fobia ao compromisso, constitui um grande problema.

Enquanto Amber luta para aceitar o que passou a sentir por Greg, apercebe-se também de que ela e Jen, a sua melhor amiga, estão cada vez mais afastadas. Pouco a pouco, à medida que as duras verdades das vidas de todos vão sendo reveladas, Amber tem de enfrentar o facto de o chocolate não curar tudo e, por vezes, fugir não é opção…

Opinião:
Dorothy Koomson apresenta-nos uma história de amor e chocolate. Sendo eu uma viciada confessa em chocolate, não podia deixar passar este livro sem o ler. Neste livro, conhecemos Amber Salpone, uma mulher que foge de relacionamentos sérios e de Greg Walterson, um mulherengo assumido. Estes dois são amigos, juntamente com Jen, a melhor amiga de Amber, e Matt, o namorado de Jen, e melhor amigo de Greg, e de quem Amber não gosta nem um bocadinho.

Amber ajudou Greg a sair de muitas encrencas sem suspeitar que ele está realmente interessado nela, até que um dia Greg assume que gosta dela. A partir daí Amber fica confusa e com medo, por que não quer se envolver com um mulherengo e também não quer estragar a amizade. Os dois envolvem-se em segredo, porque têm medo que a relação não avance. Jen e Matt, amigos de ambos, também têm uns segredos que quando são revelados, poderão afectar a relação de Amber e Greg, assim como a relação de amizade entre eles todos.

A escrita desta autora é fluida e bastante descontraída. O enredo criado é desenvolvido à volta da relação de Amber e Greg, sendo por vezes um pouco repetitivo, e por isso existem algumas partes completamente desnecessárias.

As personagens são o ponto central da história, e Amber cativa por ser uma pessoa que não é perfeita, com quem nos identificamos facilmente em algum ponto da sua personalidade. É uma pessoa atormentada com traumas familiares do passado, que faz com que ela evite confrontos e compromissos sérios.

Greg é o personagem típico do homem mulherengo e sedutor, mas no fundo tem bom coração, e como Amber, também tem os seus traumas passados, que justificam o facto de ser um sacana mulherengo.

Uma das melhores partes do livro, que compensa algumas passagens um pouco mais chatas e repetitivas, são as cenas no trabalho de Amber. As colegas de trabalho de Amber são umas doidas muito engraçadas.

E finalmente o chocolate, ser farejador de chocolate deve ser engraçado. Da próxima vez que for a super mercado vou estar atenta aos farejadores! Mas são interessantes as comparações que a autora faz entre os mais diversos tipos de chocolate e as pessoas.

Amor e Chocolate é uma história leve e divertida, mas sem o teor dramático de A Filha da Minha Melhor Amiga, do qual gostei bastante. No entanto é um livro que entretém e se lê muito bem.

Nota (escala de 1 a 10): 6,5
IrishGirl

terça-feira, 13 de outubro de 2015

A Literatura Nazi nas Américas

















Autor: Roberto Bolaño
Editora: Quetzal
Páginas: 228
ISBN: 9789725649091
 
Sinopse:
A Literatura Nazi nas Américas é uma enciclopédia ficcional composta de pequenas biografias de autores pan-americanos imaginários. Estes nazis literários —fascistas, fanáticos e reaccionários —são retratados numa galeria de medíocres alienados, snobes, oportunistas, narcisistas e criminosos.
Numa entrevista, Roberto Bolaño referiu-se aos seus autores nazis na América como uma metáfora do mundo das letras, às vezes heróico, outras desprezível.
E, na verdade, ainda que inventados, estes escritores são personagens de histórias, essas sim reais, de grandes nomes da literatura das américas.
 
Opinião:
Se o livro anterior que li deste autor, "A Pista de Gelo", peguei a medo e fiquei extremamente agradado com o que li, em "A Literatura Nazi nas Américas" peguei com confiança e no final percebi que foi um erro.

Vou ser curto porque se não gostei deste livro a grande culpa foi do leitor, ou seja minha. Ao ter gostado tanto do livro anterior fui descuidado na aquisição seguinte. Olhando para trás deveria ter sido mais realista e percebido que este era um projecto literário que para um leitor como eu tem tendência para o desastre.

Não sou grande adepto de contos pelo seu reduzido tamanho e desenvolvimento por isso também não sou grande adepto de curtas biografias de autores imaginários. Para além disso a obra é demasiado erudita para mim. Se reconheci as tais personagens de histórias de grandes nomes da literatura das américas? Raramente...

Resumindo, foi uma leitura bastante desinteressante que apenas me manteve até ao fim porque seja sobre o que for que Roberto Bolaño escreva, escreve sempre bem, a fluidez das suas palavras é sempre brilhante.

Quem quiser experimentar este autor não comece por este livro, há outros bem mais interessantes e apelativos para começar.

Nota (escala 1 a 10): 5
TheKhan
 

quarta-feira, 7 de outubro de 2015

O Caderno de Maya




















Autor: Isabel Allende
Editora: Porto Editora
ISBN: 978-972-0-04384-9
Nº de Páginas: 360

Sinopse:
Um passado que a perseguia. Um futuro ainda por construir. E um caderno para escrever toda uma vida.

"Sou Maya Vidal, dezanove anos, sexo feminino, solteira, sem namorado por falta de oportunidade e não por esquisitice, nascida em Berkeley, Califórnia, com passaporte americano, temporariamente refugiada numa ilha no sul do mundo. Chamaram-me Maya porque a minha Nini adora a Índia e não ocorreu outro nome aos meus pais, embora tenham tido nove meses para pensar no assunto. Em hindi, Maya significa feitiço, ilusão, sonho, o que não tem nada a ver com o meu carácter. Átila teria sido mais apropriado, pois onde ponho o pé a erva não volta a crescer."

Opinião:

Em O Caderno de Maya, Isabel Allende conta-nos a história de uma jovem, Maya Vidal, que através do seu diário, escreve sobre a sua adolescência. O diário é escrito pela protagonista, em Chiloé, uma ilhota chilena onde se refugia para fugir ao passado que a persegue. Através do seu diário, Maya relata-nos diariamente a sua vida na ilha, um mundo muito diferente do seu, descreve a sua convivência com as pessoas que conhece na ilha, mas também recorda o que se passou com ela, e com a sua família nos EUA.

Maya é neta de uma chilena que fugiu com o seu filho para os EUA, na altura da ditadura no Chile. É criada pelos avós, com muito mimo e tem uma vida bastante estável emocionalmente até que o seu avô morre no período da sua adolescência. Não sabendo lidar com a dor, Maya torna-se numa jovem rebelde, junta-se às pessoas erradas, passa por tribulações horríveis, e envolve-se na droga, da prostituição e do crime, do qual não consegue sair.

Isabel Allende emprega um bom ritmo à história intercalando as realidades diferentes da vida de Maya, sempre que esta muda de assunto no seu diário, fazendo-nos ficar agarrados e ansiosos por ler mais e saber o que aconteceu.

Como é habitual nos seus livros, sejam históricos ou actuais, a autora escreve maravilhosamente bem, descrevendo paisagens, situações e sentimentos, que nos envolvem de tal maneira que parece que estamos dentro da história. As personagens, maioritariamente femininas, são sempre fortes, apaixonadas e muito determinadas.

Pelo que li na sinopse, não esperava uma história que, em certas alturas me fez lembrar um livro que li há muito tempo: Os Filhos da Droga de Christiane F. que retrata o mundo da droga.

O Caderno de Maya é um livro que retrata a sociedade actual, mostra as dificuldades e os problemas dos adolescentes em se afirmarem, e crescerem num mundo com acesso a tudo o que é de bom, mas também o que é de mau. Faz-nos também reflectir na importância da influência da família na vida dos jovens. Ao mesmo tempo, fala-nos um pouco da história do Chile, o seu país, da sua cultura, e da ditatura de Pinochet, e como este regime marcou o povo chileno.

Isabel Allende escreve maravilhosamente com muita emoção, envolvendo-nos e agarrando-nos até à última página. Adorei e recomendo.


Nota (escala de 1 a 10): 8,5
IrishGirl

segunda-feira, 5 de outubro de 2015

Pretoriano

















Autor: Simon Scarrow
Editora: Saída de Emergência
Páginas: 349
ISBN: 9789896374969
Série: Eagle Series nº 11

Sinopse:
A cidade de Roma em 50 d.C. é um lugar perigoso. A traição espreita a cada esquina e um obscuro movimento republicano, conhecido como os libertadores, cobre a cidade com os seus tentáculos. Temese que a próxima conspiração surja do coração da própria Guarda Pretoriana. Sem saber em quem pode confiar, o Secretário Imperial Narciso convoca a Roma dois dos seus homens mais corajosos e leais: os veteranos Macro e Cato.

Incumbidos da tarefa de infiltrarem a Guarda Pretoriana, Cato e Macro enfrentam um duro teste para ganharem a confiança dos seus camaradas. E quando finalmente estão prestes a descobrir os segredos da conspiração, surge um velho inimigo que os poderá denunciar, com consequências fatais. Será uma corrida contra o tempo para salvarem as próprias vidas antes que consigam revelar os nomes dos traidores que pretendem derrubar o Império?

Opinião:
Em Pretoriano Simon Scarrow parece-me que tenta contornar um problema que criou nos livros anteriores desta série. Scarrow evoluiu a carreira dos dois protagonistas demasiado rápido, especialmente Cato.

Scarrow cria uma história de espionagem cheia de conspirações políticas que colocam Macro e Cato longe do seu ambiente de conforto, as legiões. Os heróis são alistados na Guarda Pretoriana como meros soldados, o que lhes cria algumas dificuldades de habituação bem como situações caricatas. Os protagonistas estão de volta a casa e assim o livro decorre em Roma o que se torna interessante para conhecermos como funciona a grande capital do império nesta era.

Um dos pontos fortes desta série é a mistura das personagens fictícias com as reais. Neste livro encontramos Nero, Agripina e Britânico. Quem conhece a história do Império Romano sabe da relevância destas figuras e do que se passará de seguida. Destas destaco Nero, que está caracterizado de uma forma muito interessante, nomeadamente nas suas interações com Cato.
 
Praetoriano é um livro à imagem dos restantes, interessante, cheio de acção e que beneficia de duas personagens extremamente bem construídas que ligam o leitor à série. Não acredito que haja um leitor assíduo desta colecção que não sinta empatia por Cato e Macro e que não se preocupe com o desenvolvimento das suas histórias.
 
Relativamente ao argumento, tal como mencionei anteriormente, é um livro um pouco diferente dos restantes, o peso militar é inferior, não há batalhas entre exércitos, apenas confrontos com milícias, o factor político é muito mais relevante e Cato e Macro são menos soldados e mais espiões. Talvez por isso notei que o ritmo de leitura fosse um pouco mais lento que o habitual, as operações de bastidores levaram-me a não ler tão avidamente.
 
Independentemente do estilo ser ligeiramente diferente, a qualidade mantem-se e são livros que são uma certeza de entretenimento. Hajam mais Cato e Macro. O próximo livro "Corvos Sangrentos" promete com os protagonista de volta à Britânia.
 
Nota (escala 1 a 10): 7,5
TheKhan